quarta-feira, 9 de outubro de 2013

O OLHO QUE TUDO VÊ

"Seus grandes olhos negros vitrificados relatavam um alto grau de inteligência e perversidade
    O trio ficou ao redor da cama e vagarosamente um se aproximou e colocou próximo dos meus olhos um cilindro de vidro em forma de cone. Dentro do objeto fazia morada um olho aparentemente não-humano, dançando uma demoníaca valsa num líquido incolor. Aqueles segundos duraram uma eternidade. O olho flutuava no líquido, e a todo instante parecia contemplar a minha lastimosa feição de temor, enquanto os outros dois seres lentamente se aproximaram. Um deles jogou vários objetos metálicos em meu ventre, e selecionando uma estranha ferramenta, semelhante a uma grande pinça, introduziu suas extremidades nas pálpebras do meu olho esquerdo, deixando-o demasiadamente aberto. Logo depois, com um tipo de bisturi e alguns tubos, iniciou-se o interminável pesadelo. Eu não sentia dor, estava anestesiado e sabia que a intensa luz rosada daquela estranha esfera é que produzia tal efeito.
    Neste exato momento sei que você imagina o temor que senti naquela noite. Sim, com muita facilidade e prática, eles retiraram meu olho esquerdo, e sem compreender o que pretendiam, logo em seguida retiraram o outro olho que estava dentro do cilindro e imediatamente começaram a introduzi-lo no orifício vazio da minha cavidade óssea."

Trecho do meu conto "O olho que tudo vê", publicado no livro "Contos Imediatos" (Terracota), organizado pelo Roberto Causo - http://terracotaeditora.com.br/catalogo/?p=343

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