"ZERO", DE IGNÁCIO DE LOYOLA BRANDÃO

Ignácio de Loyola Brandão autografando o meu exemplar "Zero"

Você que é escritor, acredite, até Ignácio de Loyola Brandão teve um dos seus livros recusados por várias editoras do Brasil, isso na década de 70. O romance "Zero" conseguiu publicação apenas na Itália, no ano de 1974. Somente em 1975 foi publicado no Brasil, mas um ano depois foi proibido em todo o território nacional pelo Ministério da Justiça. Naquela época o desejo de liberdade não era bem visto e era contra as regras dos bons costumes.  Somente em 1979 o livro foi liberado pela censura. "Zero", na minha opinião e na de muitos escritores e leitores, é um dos melhores livros nacionais já publicados. A criatividade de Loyola nesta obra é indescritível. Eu já tinha lido e relido o meu exemplar inúmeras vezes e o ganhei da própria editora, (Global Editora) juntamente do "Não verás país nenhum", também do Loyola. Pois no último sábado (21/09/13) tive a oportunidade de assistir uma palestra do Loyola que mais uma vez mostrou sua inteligência e simplicidade, além de arrancar várias gargalhadas dos espectadores com suas respostas rápidas e causos incríveis. No final da palestra, claro, eu já estava com o "Zero" em mãos pronto para ser autografado.
Os livros do Loyola não estavam sendo vendidos no local. Apenas quatro ou cinco espectadores levaram livros para serem  autografados, mas apenas eu levei o "Zero". Loyola, quando pegou meu exemplar, acariciou a capa, pronunciou o título e refletiu por alguns segundos, olhou para mim calmamente e perguntou o meu nome. O que ele escreveu  pra mim talvez um dia eu revele para alguém :)

O que também me deixou muito feliz foi saber que Loyola percebe coisas que muitos não enxergam. Que existem forças místicas que não estão apenas nas letras digitadas de um livro, mas ao nosso redor, vivas e saltitantes, apenas aguardando por alguém que note a sua existência.

Sinopse de "Zero": Romance de cunho grotesco, no qual Rosa e José, o casal protagonista, nutrem um pelo outro um sentimento de desdém, no qual, ao mesmo tempo em que se enojam, são fisgados por um desejo descomunal em suas noites de prazer. Em meio a um cenário social recheado de aberrações (que trabalham no circo da cidade), entregam-se a uma rotina de tapas e beijos que só pode entreter a eles.