Dois Palitos, de Samir Mesquita |
Faz
poucos dias que anunciei o retorno do fanzine "TerrorZine"
numa edição especial, intitulada "TerrorZine - O Corvo",
uma homenagem ao grande escritor Edgar Allan Poe. Desde então recebi
vários e-mails de pessoas interessadas em participar, algumas com
dúvidas, outras já enviando seus minicontos para avaliação. Pois
num desses e-mails, um em especial chamou-me a atenção: um rapaz,
do qual não direi o nome, disse que se ele não tinha lido errado
nas regras de participação, seria impossível escrever uma história
em 15 linhas. Bom, fiz quase trinta edições do TerrorZine
explorando os minicontos, que são contos curtos e com poucas linhas.
Em cada edição publiquei cerca de quinze minicontos selecionados,
então foram quase quatrocentos e cinquenta minicontos publicados.
Dizer que é impossível escrever uma história em quinze linhas é
apagar o meu trabalho no TerrorZine e o trabalho de centenas de
autores. Além de que se o escritor deseja participar de um fanzine,
coletânea etc, o interessante é saber e conhecer antes a proposta
da editora ou organizador.
O
miniconto já foi escrito e debatido por inúmeros escritores e podem
ser escritos com começo, meio e fim, como uma tradicional história,
só que com menos detalhes. Existem os microcontos ou nanocontos, que são
histórias com poucas palavras. As duas mais conhecidas, são:
"Quando acordou o dinossauro ainda estava lá", de Augusto
Monterroso e "Vende-se: sapatos de bebê, sem uso", do
grande escritor Ernest Hemingway. Os dois microcontos citados são
ganchos para uma história que o leitor deverá criar
individualmente. O que aconteceu ou o que acontecerá? Por que quando
alguém acordou o dinossauro ainda estava lá? Por que estavam
vendendo sapatos de bebê sem uso? Foi uma tragédia familiar? A
família está passando tanta necessidade que foi preciso colocar os
sapatos do bebê à venda? Marcelino Freire, assim como Edson
Rossatto (autor que já publicou no TerrorZine), defendem o miniconto e microconto como uma história
Cem toques cravados, Edson Rossatto |
comum
e que devem, sim, ser relevantes na literatura. Marcelino organizou a
coletânea "Os cem menores contos brasileiros do século" (Atelie Editorial), com
histórias com até 50 letras. Rossatto escreveu o livro "Cem
toques cravados" (www.cemtoquescravados.com), com pequenas histórias de sua própria
autoria. Também é possível encontrar a obra “Minicontos e muito menos” (Editora Casa Verde) de Laís Chaffe e Marcelo Spalding, que é uma ótima referência ao miniconto. Já o escritor Samir Mesquita (www.samirmesquita.com.br), autor do qual conversei algumas vezes e que também publicou no fanzine TerrorZine, escreveu microcontos em caixas de fósforo. Veja alguns exemplos da criatividade de Samir: www.samirmesquita.com.br/doispalitos.html. Dalton Trevisan, Bráulio Tavares, Roberto Causo e André
Carneiro (os três últimos são autores dos quais tive a honra em
publicar seus minicontos numa das edições do TerrorZine), assim
como muitos outros escritores já publicaram suas curtas histórias,
que fazem o leitor imaginar e refletir, principalmente sobre os
detalhes que não constam na história. Também já tive vários
convites recusados de alguns escritores do fandom. Segundo eles, quem
faz miniconto é preguiçoso. Outros desconhecem o que é o miniconto
e dois ou três escritores disseram que só escrevem romance. Ora,
quem é escrevinhador escreve em qualquer formato, em qualquer
quantidade de caracteres, não importa como seja, o importante é
contar histórias, seja em microconto, miniconto, conto, novela ou
romance ;) Não esqueça: poucas palavras podem ter muitos significados, desde que bem colocadas.
E quem quiser participar do TerrorZine – O Corvo, leia as regras e
envie o seu miniconto para avaliação, pois ainda tem tempo. Só não pergunte o que é um miniconto :)
poesclub.blogspot.com.br/2013/08/submissoes-para-o-terrorzine-o-corvo.html
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