segunda-feira, 23 de setembro de 2013

A ARTE DE ESCREVER MUITO EM POUCAS PALAVRAS



Dois Palitos, de Samir Mesquita
Faz poucos dias que anunciei o retorno do fanzine "TerrorZine" numa edição especial, intitulada "TerrorZine - O Corvo", uma homenagem ao grande escritor Edgar Allan Poe. Desde então recebi vários e-mails de pessoas interessadas em participar, algumas com dúvidas, outras já enviando seus minicontos para avaliação. Pois num desses e-mails, um em especial chamou-me a atenção: um rapaz, do qual não direi o nome, disse que se ele não tinha lido errado nas regras de participação, seria impossível escrever uma história em 15 linhas. Bom, fiz quase trinta edições do TerrorZine explorando os minicontos, que são contos curtos e com poucas linhas. Em cada edição publiquei cerca de quinze minicontos selecionados, então foram quase quatrocentos e cinquenta minicontos publicados. Dizer que é impossível escrever uma história em quinze linhas é apagar o meu trabalho no TerrorZine e o trabalho de centenas de autores. Além de que se o escritor deseja participar de um fanzine, coletânea etc, o interessante é saber e conhecer antes a proposta da editora ou organizador.
O miniconto já foi escrito e debatido por inúmeros escritores e podem ser escritos com começo, meio e fim, como uma tradicional história, só que com menos detalhes. Existem os microcontos ou nanocontos, que são histórias com poucas palavras. As duas mais conhecidas, são: "Quando acordou o dinossauro ainda estava lá", de Augusto Monterroso e "Vende-se: sapatos de bebê, sem uso", do grande escritor Ernest Hemingway. Os dois microcontos citados são ganchos para uma história que o leitor deverá criar individualmente. O que aconteceu ou o que acontecerá? Por que quando alguém acordou o dinossauro ainda estava lá? Por que estavam vendendo sapatos de bebê sem uso? Foi uma tragédia familiar? A família está passando tanta necessidade que foi preciso colocar os sapatos do bebê à venda? Marcelino Freire, assim como Edson Rossatto (autor que já publicou no TerrorZine), defendem o miniconto e microconto como uma história
Cem toques cravados, Edson Rossatto
comum e que devem, sim, ser relevantes na literatura. Marcelino organizou a coletânea "Os cem menores contos brasileiros do século" (Atelie Editorial), com histórias com até 50 letras. Rossatto escreveu o livro "Cem toques cravados" (www.cemtoquescravados.com), com pequenas histórias de sua própria autoria.  Também é possível encontrar a obra “Minicontos e muito menos” (Editora Casa Verde) de Laís Chaffe e Marcelo Spalding, que é uma ótima referência ao miniconto. Já o escritor  Samir Mesquita (www.samirmesquita.com.br), autor do qual conversei algumas vezes e que também publicou no fanzine TerrorZine, escreveu microcontos em caixas de fósforo.  Veja alguns exemplos da criatividade de Samir: www.samirmesquita.com.br/doispalitos.html. Dalton Trevisan, Bráulio Tavares, Roberto Causo e André Carneiro (os três últimos são autores dos quais tive a honra em publicar seus minicontos numa das edições do TerrorZine), assim como muitos outros escritores já publicaram suas curtas histórias, que fazem o leitor imaginar e refletir, principalmente sobre os detalhes que não constam na história. Também já tive vários convites recusados de alguns escritores do fandom. Segundo eles, quem faz miniconto é preguiçoso. Outros desconhecem o que é o miniconto e dois ou três escritores disseram que só escrevem romance. Ora, quem é escrevinhador escreve em qualquer formato, em qualquer quantidade de caracteres, não importa como seja, o importante é contar histórias, seja em microconto, miniconto, conto, novela ou romance ;) Não esqueça: poucas palavras podem ter muitos significados, desde que bem colocadas.
E quem quiser participar do TerrorZine – O Corvo, leia as regras e envie o seu miniconto para avaliação, pois ainda tem tempo. Só não pergunte o que é um miniconto :) poesclub.blogspot.com.br/2013/08/submissoes-para-o-terrorzine-o-corvo.html

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