segunda-feira, 19 de julho de 2010

OS BASTIDORES: AUTORES E EDITORAS NACIONAIS


Já fazia um tempinho que eu estava com vontade de escrever sobre a literatura fantástica no Brasil. É verdade que os livros desse gênero estão vendendo muito mais devido a onda vampiresca e a grande quantidade de escritores e editores envolvidos. Mas em três anos, infelizmente, foi somente em 2010 que fui notar quem é quem neste meio literário, causando o meu afastamento, por vontade própria, de um tal fandom, o qual eu nunca quis fazer parte. Por ingenuidade minha, achei que os escritores, principalmente os mais velhos, os que já estão consolidados no mercado literário, fossem mais unidos e não pensassem apenas em seus próprios umbigos. Eles erguem as suas bandeiras negras e atacam sem piedade. Escritores mais velhos que detonam o trabalho dos novatos com críticas desconstrutivas, ao invés de mostrar um caminho menos doloroso. Escritores que preferem apoiar a literatura estrangeira ao invés das dos seus compatriotas, apenas para mostrar que possuem certa influência e que são amigos de nomes internacionais, e ainda se dizem amigos da literatura nacional. Mas não estou generalizando, pois existem escritores que apoiam incansavelmente os autores nacionais, seja em início de carreira ou não, e esses eu faço questão de citar os nomes, como Roberto Causo, César Silva, Alvaro Domingues (Pai Nerd) e Miguel Carqueija.

Um outro caso envolve algumas editoras que publicam autores nacionais mas que não fazem nada para divulgar os seus livros e autores. O próprio autor tem que correr atrás, dar a cara a tapa e fazer o possível e impossível para vender os seus livros e muitas vezes pede um apoio dos editores em vão, nem para confeccionarem um mísero convite. Digo isso por experiência própria, sem citar nomes. Fora o descaso que eles fazem em não responder aos e-mails de seus autores, de não cumprir datas, de não apoiar o autor com material promocional, etc. Sempre achei que era uma troca mútua, editora divulga o autor e vice-versa, mas... Não generalizando, pois a editora Devir apoia e divulga muito os seus autores e livros com material promocional, livros cortesia para jornalistas e divulgadores, respondem rapidamente os e-mails de solicitações de releases e outros materiais.

Alguns escritores criticam quem paga para publicar um livro, seja um romance ou conto numa coletânea, mas esses mesmos que tanto criticam, começaram suas carreiras desta maneira, pois caso contrário, provavelmente não seriam conhecidos. O problema é muito falatório. Todo mundo sabe criticar, usar palavras de baixo calão e detonar os outros para mostrar que é bom e que entende do assunto, e ainda possuem a coragem de dizer que estão ajudando, mas de boas intenções o inferno está cheio. Se ao invés de todo esse falatório ajudassem pelo menos um pouco os autores nacionais menos conhecidos, com artigos, entrevistas e qualquer outro tipo de divulgação das suas obras na mídia, as coisas seriam bem melhores.

Faço coletâneas, muitas elogiadas na mídia, como Draculea, Invasão, Poe 200 anos e Metamorfose. Divulgo incansavelmente essas obras e a maioria são compostas por autores desconhecidos que não tiveram nenhuma oportunidade anterior para publicação, nem desses que tanto criticam, mas depois de publicarem nestas coletâneas que organizei, muitos conseguiram publicar seus livros solo, foram convidados para participar de outras coletâneas como autores convidados, organizadores, prefaciadores, etc. Esses que falam muito, pode ter certeza que nada fazem, pois preferem permanecer em suas panelinhas e se enturmar apenas com escritores e editores que possuem uma carreira já consolidada no mercado literário, pois assim conseguem publicar os seus livros com mais facilidade.

Desde 2003 venho entrevistando dramaturgos, cineastas, professores e escritores, mas nos últimos anos, preferi dar ênfase aos escritores nacionais. Neste último final de semana completei a minha entrevista de nº 150, onde pode ser conferida na página www.cranik.com/entrevistas.html

Faça a diferença, ajude os autores nacionais em início de carreira a divulgarem os seus suados trabalhos, seja no Twitter, Orkut, e-mails, blogs ou sites. Caso você que está lendo tenha uma sugestão de entrevista com um escritor ou alguma dica de livro ou ajuda para os autores nacionais em início de carreira, por favor, não hesite e deixe um comentário, ok? ;)

E fica aqui a minha gratidão pela publicação do meu primeiro romance O Desejo de Lilith pela Draco, mais ainda pelo editor Erick Santos por apoiar autores em início de carreira. Só espero que continue sempre nesta linha e que não mude por causa desse tal fandom.

Um forte abraço,

@ademirPascale

24 comentários:

  1. Saudações, Ademir!

    Tudo bem?

    Acho que você foi muito feliz em suas palavras. Imagino que o que você escreveu neste post é o pensamento de muitos.
    Eu sou o Kampos, autor do livro VINGANÇAS DE SANGUE, cuja a trama se desenrola em torno de vampiros.
    Sou iniciante pois é o meu primeiro livro publicado, mas ao mesmo tempo, sempre digo ao público de que não é porque é o primeiro livro publicado de um autor que você nunca escreveu nada, já que há grande dificuldade para se publicar no país, o jeito muitas vezes é escrever apenas para você mesmo, e no máximo publicar em blogs.
    Muitas coisas precisam mudar e melhorar em nosso país no que diz respeito a literatura nacional.
    Primeiro, um livro não nasce da noite para o dia. Com essa onda vampiresca é impossível não escutar: "Você escreveu um livro de vampiros só para aproveitar a moda". No meu caso, meu livro começou a ser criado muito antes da modinha, e também não sou contra a moda, graças a ela, o público começou a dar mais atenção ao tema.
    Segundo, as editoras ainda acham que estão fazendo um favor para o escritor, uma caridade, em publicá-lo. Como você mesmo disse, não vamos generalizar. Logicamente não citarei nomes de editoras, mas infelizmente são muitas.
    Há propostas de editoras que são verdadeiramente indecentes, e aproveitam muitas vezes do escritor que não vê a hora de ter sua obra publicada. Acho um absurdo uma editora que oferece um contrato para o escritor no qual o mesmo tem que comprar 500 livros! Que troca é essa?! Se a editora acreditasse no trabalho do escritor, os riscos seriam divididos e não jogados todos nas costas do escritor no momento em que ele mais precisa de apoio.
    Meu livro foi feito no sistema de pagamento do autor. Não me arrependo e até indico aos escritores que, mediante a propostas indecentes e aproveitadoras, que façam por conta própria suas tiragens, pelo menos assim você terá autonomia no material, e poderá mostrar já seu trabalho. Neste caminho, a chance de aparecer uma editora que reconheça o potencial de seu trabalho é bem maior.
    Tanto editoras quanto público e autores tem de parar de achar que o melhor é só o que vem de fora. Não há problema em ler algo estrangeiro, mas não desdenhem o material criado em nosso país. Tenho certeza que encontrarão muitas obras excelentes e que valem serem descobertas.

    Não poderia deixar de registrar aqui a gratidão pelos blogs. Muitos apoiam os escritores nacionais, divulgando seus livros, fazendo entrevistas e passando a agenda de eventos.

    O texto ficou um pouco grande, mas é que o assunto rende, Hehe. :P....

    Abraços!

    Kampos

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  2. Olá Ademir,

    Ótimo post, a matéria ficou bem interessante mesmo.

    Eu tenho um nome para sugerir que você entreviste, mas não é bem um novato. Trata-se do Leonel Caldela. Ele publicou uma trilogia ligada ao RPG nacional Tormenta e agora lança o seu livro O Caçador de Apóstolos, que já está sendo super bem comentado pela mídia. Acho que seria uma entrevista interessante!

    Abraços

    Tiago Castro

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  3. Ótimo Texto, Ademir,

    Seria impossível colocar em uma única matéria todas as facetas desse problema,ainda assim você conseguiu sintetizar muitas coisas sem perder o conteúdo.
    Particularmente eu apenas acrescentaria uma faceta que não fica tão evidente, a menos que se esteja realmente fazendo um trabalho, como você faz, de tentar auxiliar os novos. Falo daqueles autores que embora raramente ou mesmo nunca tenham publicado, consideram-se O mestre no assunto e não aceitam revisar o texto. Alojam-se no alto de seu pedestal e ficam atirando pedras a todos que tentam, estudam, se comprometem, dão a cara a tapa.
    Há também os autores que esperam que as coisas venham até eles, prontas, fáceis.
    Há as instituições de ensino que reclamam de que os alunos não lêem, mas se recusam a oferecer oficinas de leitura e escrita.
    Realmente, há inumeras facetas e muito a ser dito.
    A minha proposta, creio, é a mesma que a sua: Continuar fazendo o possivel para seguir em frente com o trabalho, ajudando os que querem ajuda (e isso muitas vezes significa apontar os erros), tentando aprender para ensinar melhor.
    Dificuldades sempre haverá, mas vamos conseguir superar. Afinal,criatividade é o nosso negócio.

    Forte Abraço, meu querido

    Danny Marks

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  4. Olá, Kampos! Fique tranquilo referente ao seu longo texto. Vamos conversando. Abração.

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  5. Olá, Tiago! Ótima dica. Agora tenho que encontrar o e-mail dele :)
    Um forte abraço,

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  6. Olá, Danny, quanto tempo, vê se não some. Obrigado pelas palavras, vamos conversando...
    Abração.

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  7. Você atacou a ferida, que não cicatriza. Excelente reflexão.

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  8. é sempre bom levar uns tapas na cara de vez em quando, ademir! e esse assunto vai render muito, pois é uma discussão interminável!

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  9. Olá Ademir,

    Bom, eu não tenho o e-mail dele também, mas ele está no twitter (@leonelcaldela), ou ainda você pode tentar um contato com o pessoal da Jambô.

    Abraços

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  10. Olá,
    O agBook, da AlphaGraphics, publica livros sob demanda de forma fácil e totalmente gratuita. Para publicar, basta acessar www.agbook.com.br e efetuar seu cadastro.
    O principal objetivo do agbook é apoiar novos escritores brasileiros e ainda oferecer todas as técnicas para que o autor não somente publique o seu livro como também o promova de maneira eficiente.
    Coloco meus contatos à disposição para qualquer dúvida pbaiadori@alphagraphics.com.br
    Abraços.

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  11. Oi Ademir a quanto tempo né! hehehe!
    Então, é uma pena que alguns “troll´s” estejam camuflados entre aqueles que se denominam o “Fandom”! Você fez uma reflexão muito importante e elegante devo dizer. Por que apontou os problemas e as soluções. Precisamos esta sempre unido neste propósito de defender e crescer junto com a literatura fantástica nacional! Lembro quando comentei no meu blog sobre as resenhas mal-intencionadas sobre o Desejo de Lilith! Fui xingado em twitter, em email e tal.Mas não me arrependo de ter defendido o que acredito e principalmente por que nestes momentos é que descobrimos os verdadeiros amigos! Algumas pessoas não suportam uma boa discussão, discorde deles e pronto! E não só os escritores mais velhos, existem alguns iniciantes que nem sequer publicaram nada e estão sempre estão prontos a criticar quem publica seja em antologias de qualquer editora, se escondem apoiando estes escritores mais velhos, usando eles como escudos, pobre garotos sem personalidade.
    Continue sempre assim como você é! Com suas antologias, com seus projetos culturais e tudo mais! Precisamos de muitos outros “Ademir´s” para sempre dar dois passos a frente, mesmo que alguns insistam em dar um passo atrás.
    Forte abraço

    Armin Daniel Reichert

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  12. Caríssimo Ademir...
    Excelente momento de desabafo... ainda bem que temos alguns escritores e editoras conscientes.
    Com trabalho criterioso e apoio de boas editoras, como a Draco, por exemplo (tive bom apoio da Novo Século também, não posso reclamar), é que a literatura fantástica brasileira alçará vôo... certamente não o será de uma panela lacrada e fervente de onde ninguém poderá mais se alimentar. Abraços e sucesso.

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  13. Quero aproveitar e informar que sou grato pelo apoio: e pelo espaço que me deste em uma de suas paginas! Graças a pessoas iguais a você já tive três obras publicadas! São elas: O Massacre da Máfia no Amazonas: Corinthians e suas Raízes e o infantil: Floresta Encantada!
    Desejo que tenha sorte em sua jornada, e creio que o caro colega mercê o meu reconhecimento, e de todos os autores que vem ajudando e incentivando!

    Janciron

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  14. Contra fatos, existe sim argumentos... E muito bons por sinal

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  15. Parabéns pelo post, muito bom e concordo plenamente contigo!

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  16. bem aventurados aqueles que voam alto. Se a imaginação tem asas, pra que ficar preso em um determinado ninho?

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  17. Oi, Ademir!
    Esse será um problema do ser humano ou é exclusividade do brasileiro? Abandonei há mtos anos o desenho e a zinagem por motivos semelhantes.
    Pode colocar aí na sua lista de autores antigos que apoiam novatos a Laura Elias, que além de "trabalhar de carteira assinada" para um editora de médio porte há anos, mantem contato com quem quiser se aproximar e tem até um blog pra divulgar os novatos, usando sua própria influencia para isso, o Páginas Brasileiras.
    Abraços!

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  18. Tiago Castro, valeu mesmo pela dica. Acabei de entrevistar o Karlo Campos e o Leonel Caldela já está na minha lista :)

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  19. Juliano, José, Paula, Armin, Waldick, Janciron, Leonardo, Rubens, Sasseron e Snake. Primeiramente, agradeço a visita. É aquele velho ditado "É vivendo e aprendendo" :)
    Um forte abraço,

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  20. Parabéns pela coragem de falar o que sente e também acho que o seu desabafo é o desabafo de todos os (sérios)leitores e escritores de literatura fantástica.

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  21. Nada a acrescentar... O Ademir disse tudo e é um grato exemplo na blogosfera de incentivador à leitura, disponibilizando Zines, material de informação cultural e fomentando à produção literária nacional.
    O Ademir é um líder. Se há acertos ou erros é porque nunca dessistiu de tentar algo novo, de acreditar nas ideias que o inspiram e na melhor difusão do autor brasileiro.
    O escritor investiu todo o seu talento na WEB, no qual muitos descobriram qualidade e beleza que traduzem o espírito dos temas fantásticos.
    Fantástico mesmo é o jovem Ademir, a quem agradecemos também o erguer de sua voz contra o espírito mesquinho da crítica não - especializada e destrutiva. Com ou sem eles, o fenômeno acontece, a produção aumenta e, além da quantidade, a qualidade só deve aumentar. Nada contra os críticos preparados pelas academias e a opinião popuplar, acredito que, nesse primeiro momento, seja ainda muito cedo para pôr tais trabalhos na linha do acabado e pronto, detonando a tudo e a todos. Os novos – quero tranquilizá-los – não ameaçam o seu reinado, tão somente valorizam a bela escolha que fizeram.

    Sem mais...

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  22. Olá, Ravens e Bruno, agradeço pelas palavras de incentivo. Torço muito pelo trabalho de vocês. A luta não deve parar.
    Um forte abraço,

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  23. Passei por aqui apenas para dizer que minha voz se soma a voz do Ademir. A crítica literária se relaciona intimamente com o processo da escrita e da leitura, com editores, leitores e escritores. E deve existir, sendo extremamente importante no processo da construção artística e literária. No entanto, não apoio crítica que se torne ataque a obra de algum escritor ou artista. Esse tipo de crítica nunca será uma crítica séria ao meu ver. Somos livres para não gostar de algum livro que lemos. No entanto, o crítico tem um papel de formador da opinião literária, então, deve fazer uma crítica séria que esteja centrada apenas no texto e não ganhe contornos de ridicularização do autor. A crítica de um crítico literário deve ser diferente da crítica feita por um leitor. Portanto, deve ser responsável. Apontar defeitos e acertos, sim, isso é fundamental. Porém, deve ser feito com respeito.
    Um abraço, Ademir!

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